“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados” (S. Mateus 23:37).
Nos séculos que se sucederam, Judá viu-se oprimida por inimigos, e em 161 AC o temor de seus perseguidores sírios fê-los entrar em aliança com o crescente Império Romano. Logo, porém, a Palestina tornou-se um Estado vassalo de Roma, e os coletores de impostos estavam por toda parte. Tivesse a nação posto à confiança em Deus e em Deus somente, Ele poderia tê-los protegido. Em vez disso, eles puseram a confiança em alianças políticas, e nisto há uma lição para nós.
Muitos profetas se levantaram e procuraram levar o povo de volta a Deus. João, o batista, um verdadeiro reformador, declarou: “Já está posto o machado à raiz das árvores” (São Mateus 3:10). Somente produzindo bom fruto pode uma nação ser poupada. Veio então, o maior de todos os profetas. Antevendo o perigo deles, Cristo chorou sobre a cidade, dizendo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar vos deserta” (São Mateus 23:37 e 38).
“Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas agora isto está encoberto aos teus olhos. Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; e te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiveram, e não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação” (São Lucas 19:42-44). “Cairão ao fio da espada e serão levados cativos para todas as nações; e, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles” (São Lucas 21:24).
Quão tragicamente se cumpriram estas palavras. Em 70 DC, quando a cidade foi tomada pelo exército romano de Tito, teve início a completa subjugação de Israel. Nessa ocasião foram destruídos o templo e algumas partes da cidade, mas 65 anos depois Jerusalém foi arrasada e o seu povo espalhado para todas as nações. Cumpriu-se, assim, a profecia de Moisés, em Deuteronômio 28:64: “O Senhor vos espalhará entre todos os povos, de uma até à outra extremidade da Terra”.
É importante notar que todas as predições do Velho Testamento, relativas ao tempo de restauração da nação israelita, foram feitas com antecipação ao retorno do cativeiro. O profeta Daniel assim compreendeu essas promessas, reconhecendo que o cativeiro era motivado pelas transgressões de seus conterrâneos (Daniel 9:1-16). Foi-lhe assegurado, contudo, que breve se daria o retorno dos cativos e indicado o tempo da vinda do Messias (Daniel 9:24-25).
O anjo que comunicava tais fatos a Daniel explicou que o Messias seria “morto” e Jerusalém e o templo jazeriam mais uma vez arruinados (Daniel 9:26-27). Entre o retorno de Babilônia e a rejeição do Messias, Israel teria sua segunda e última oportunidade como nação para cooperar com o plano divino (Jeremias 12:14-17). “Setenta semanas” – 490 anos literais – estavam determinados para os judeus, dentro das quais “fazer cessar a transgressão”, “dar fim aos pecados”, “expiar a iniquidade” e “trazer a justiça eterna” (Daniel 9:24).
Israel realmente retornou do cativeiro. Teve então um pequeno período de reavivamento espiritual sobretudo após a reconstrução do templo (Esdras 6:16-22; 8:21-36 e Neemias 8:10). Infelizmente, porém, como em tantas ocasiões no passado, não persistiram no caminho estreito da obediência e falharam repetidas vezes, como Malaquias torna evidente no seu livro, em particular nos capítulos 2 e 3.
Na verdade a restauração de Israel do cativeiro entre os gentios foi o primeiro passo no cumprimento das promessas divinas. Visto que o requisito do reavivamento nunca foi atingido, nem antes nem depois do retorno sob a liderança de Zorobabel, o cumprimento dessas promessas foi impedido. Deus fez por Israel tudo quanto sua obstinada desobediência Lhe permitiu que fizesse, mas eles continuaram rebeldes. Portanto, teve Ele que, por fim, rejeita-los definitivamente.
Fugindo da idolatria, que causara o anterior cativeiro, os judeus isolaram-se do mundo com tal rigor que partiram para o extremo oposto do formalismo religioso e do legalismo. Tal condição caracterizou os dias de Cristo.
Finalmente, ao rejeitarem o Messias, selaram definitivamente sua sorte, chegando ao ponto de, desprezando o “Rei” Jesus, proclamarem perante Pilatos que não tinham outro rei a não ser César (S. João 19:15). O apóstolo Paulo usa de expressões bem duras ao falar da atitude dos seus concidadãos israelitas, declarando que eles, “não somente mataram o Senhor Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e não agradam a Deus, e são adversários de todos os homens, a ponto de nos impedirem de falar aos gentios para que estes sejam salvos: a fim de irem enchendo sempre a medida de seus pecados. A ira, porém, sobreveio contra eles, definitivamente” (I Tessalonicenses 2:15-16).
A célebre “taça da iniquidade”, tantas vezes referida como tendo sido completada pelos antigos inimigos de Israel, era agora também cheia pelos próprios judeus. E numa blasfema sugestão, clamaram que o Cristo fosse crucificado e o Seu sangue caísse sobre eles e sobre seus filhos (S. Mateus 27:25). A sugestão foi-lhes cabalmente atendida quando em 70 DC., com o cerco e invasão de Jerusalém pelas tropas do general romano Tito, foram massacrados mais de um milhão de filhos de Israel.
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