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terça-feira, 22 de janeiro de 2019

JESUS CRISTO: VIOLADOR DO SÁBADO?


Cristo observava o sábado não apenas para aproveitar a reunião dos judeus e a eles pregar, mas porque era um preceito da lei de Deus à qual obedecia plenamente. Caso contrário, como poderia alegar mais tarde: “Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai” (S. João 15:10). Tampouco poderia ter feito à afirmação seguinte, acompanhada de imperativa recomendação: “Não pensem que eu vim acabar com a Lei de Moisés e os ensinos dos profetas. Não vim acabar com eles, e sim lhes dar o verdadeiro sentido. Lembrem-se disto: Enquanto o céu e a Terra durarem, nada será tirado da Lei – nem a menor letra, nem qualquer acento. E assim será até o fim de todas as coisas. Portanto, qualquer um que desobedecer ao menor mandamento e ensinar os outros a fazer o mesmo, será considerado o menor no Reino do Céu. Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazer o mesmo, será grande no Reino do Céu” (S. Mateus 5:17-19).

Ao ser acusado de transgredir o sábado por realizar curas nesse dia Ele Se defendia das acusações declarando realizar apenas atos lícitos.

A palavra “lícito” significa “de acordo com a lei”. Ele demonstrava que a prática de atos de misericórdia nesse dia não constituía transgressão da lei de Deus que tem por base o amor. Assim é que os hospitais adventistas por todo o mundo continuam prestando assistência aos enfermos no dia de sábado porque “é lícito... fazer o bem no sábado”. O que Cristo combatia não era o fato de os judeus observarem o sábado, e sim o fato de guardarem o dia de sábado erroneamente, com extremismos infundados. O mesmo problema existia com respeito a outros mandamentos (ver S. Marcos 7:9 a 13). Ele, portanto, não aboliu nem desrespeitou o mandamento que estabeleceu na criação. Antes corrigia a maneira de observar o dia do Senhor.

Nos dias de Cristo, o respeito a este mandamento da parte dos chefes religiosos, ultraconservadores, era extremo. Como não poderia deixar de acontecer, o Mestre muitas vezes entrou em choque com eles em razão de Sua atitude quanto à observância sabática. 

O “mishnah”, coleção de antigas leis tradicionais do judaísmo, por exemplo, alinha 39 espécies de trabalhos que, na determinação dos líderes religiosos, não se podia realizar no sábado. Entre tais se proibiam: atar ou desatar um nó, escrever até duas letras do alfabeto ou apagar um espaço que permitisse escrever duas letras, acender ou apagar fogo, percorrer distância superior a aproximadamente 1 km, etc. Considerava-se também transgressão olhar para um espelho dependurado numa parede. Um ovo que uma galinha botasse no sábado podia ser vendido a um não-judeu, e este podia ser contratado para acender uma lâmpada ou o fogo nesse dia. Era considerado pecado o expectorar sobre a relva, pois isto implicaria irrigação de plantas. Não se permitia transportar um lenço aos sábados, a menos que tivesse uma das pontas cosida à roupa. Nesse caso não mais seria tecnicamente um lenço, e sim uma parte do vestuário.

Os rabis judaicos faziam absoluta questão dessas normas com todas as minúcias, e ao realçarem dessa maneira uma religiosidade negativa, baseada em proibições desmedidas, magnificavam as formas exteriores em detrimento de sua substância espiritual. 

“Na cura da mão mirrada”, escreve a escritora Ellen G. White no livro O Desejado de Todas as Nações, “Jesus condenou o costume dos judeus, e colocou o quarto mandamento no lugar que Deus lhe destinara. ‘É (...) lícito fazer bem nos sábados’, declarou Ele. Pondo à margem as absurdas restrições dos judeus, Cristo honrou o sábado, ao passo que os que dEle se queixavam estavam desonrando o santo dia de Deus”. 

Na concepção daquele povo escravizado pelo legalismo de seus dirigentes, o sábado não servia ao propósito para o qual fora inicialmente designado, ou seja – conceder ao homem uma oportunidade de comunhão mais plena com seu Autor pela dedicação de tempo à Sua adoração. Em vez de ser o memorial da criação, tornou-se uma recordação semanal da implacável autoridade, egoística e arbitrária, dos escribas e fariseus. Desse modo, Deus não poderia ser realmente honrado. Os sacerdotes que acusaram Cristo de violar o sábado foram os mesmos que o levaram para a cruz. 

A Bíblia revela que a acusação assacada a Cristo foi das mais graves, tendo em vista a importância que os judeus, zelosos de suas tradições, atribuíam aquele dia. Acusavam-nO de que “violava o sábado” (João 5:18). Ainda hoje há quem dela se prevaleça para justificar certas atitudes quanto ao quarto mandamento da Lei de Deus. 

A análise de alguns episódios bíblicos que revelam o comportamento do Senhor no sábado, expõe o grande ódio que contra Ele nutriam os acusadores, e traz em cena um Mestre sempre argumentando em defesa própria ou na de Seus discípulos, desmascarando, por outro lado, a hipocrisia e falsa hermenêutica dos pretensos “intérpretes da lei” de Seu tempo. 

Uma das profecias messiânicas, emitida por Isaías cerca de 700 anos antes, aponta ao Cristo dizendo: “O Senhor Se agradou à causa da justiça dEle; engrandecerá Ele a lei, e à fará ilustre” (Isaías 42:21). Cristo cumpriu esta profecia. Engrandeceu a Lei em Seu sermão do monte, aplicando seus princípios aos motivos íntimos do coração e não só aos atos exteriores (ver S. Mateus 5:17, 20 e 21). Acima de tudo, porém, Ele a engrandeceu por vive-la integralmente em Sua vida, que representava a própria justiça da lei encarnada.

Aos que o invectivavam, pôde exclamar sem temor contestação: “Qual de vocês pode provar que Eu tenho algum pecado?” (S. João 8:46). É importante notar que todo o conflito de Cristo com os opositores judeus não era quanto à validade da guarda do sétimo dia, mas sim quanto à validade de sua legislação sobre a guarda desse dia. Ele realmente violou o sábado, porém não aquele por Ele próprio estabelecido no Éden, pelo que é “Senhor do Sábado. Violou o sábado falsificado dos fariseus sobre quem declarou: “Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem aos ensinos dos homens. Vocês conseguem sempre um jeito de pôr de lado o mandamento de Deus para seguir aos seus próprios ensinos” (S. Marcos 7:8 e 9). 

Ainda hoje há falsificação dos mandamentos de Deus, assim como aqueles que antepõem tradições humanas ao “assim diz o Senhor” das Escrituras. E o quarto mandamento, que ordena, “Lembra-te do dia de sábado para o santificar” tem sido, mais do que qualquer outro, alvo de tal adulteração. Não se deixe levar pelas tradições dos religionistas de nosso tempo. Siga, antes, o exemplo de Jesus que “segundo o Seu costume” ia cada sábado à casa de oração adorar o Pai celeste (ver S. Lucas 4:16 e 6:6) 

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